Voluntária atua há 30 anos em instituição que acolhe crianças no Bairro São José

Foto: Renan Mattos (Diário)
A aposentada Maria Nilza Padilha dos Santos dedica o tempo livre a ajudar crianças que vivem no Bairro São José

Em 2007, a servidora Sônia da Silva procurava um local onde o filho pudesse permanecer durante a ausência dela, em virtude do trabalho. Entretanto, a mãe acabou encontrando uma segunda casa para si. Hoje com 52 anos, a cozinheira lembra com carinho de quando conheceu a Sociedade Espírita Luz do Caminho Dr. Fernando do Ó, no Bairro São José. Na instituição que atende e oferece em turno inverso à escola, para cerca de 30 crianças, oficinas, aulas e apoio pedagógico, Sônia conheceu a servidora pública aposentada e diretora de assistência social Maria Nilza Padilha dos Santos, 70 anos. Na visão da servidora, Nilza é uma mãe, porque foi sob a tutela da aposentada que aprendeu a ler e escrever.

- Fui voluntária 11 anos e, mais tarde, comecei a trabalhar como cozinheira aqui. Não tenho palavras para explicar minha satisfação em estar aqui. Para mim, criança é tudo e, para as nossas, faço tudo com carinho. A dona Nilza é minha chefe e amiga, além de ser uma mãe - elogia.

HISTÓRIA DE AMOR
Uma das fundadoras da sociedade ao lado de Benjamin Coelho e Fernando Corrêa, amigos de longa data, Nilza explica que a instituição nomeada em homenagem a Fernando do Ó nasceu como um núcleo da Sociedade Espírita Victor Mena Barreto, ao final da década de 1980. Entretanto, em 22 de março de 1992, a Sociedade tornou-se independente para focar nos projetos sociais desenvolvidos. Quase três décadas depois, o grupo conta com dois funcionários pagos e nove voluntários. Nilza entende que o objetivo da casa é formar cidadãos:

- Meu primeiro trabalho aqui era ajudando na faxina. Depois, comecei a coordenar o trabalho social. Estamos sempre buscando parcerias para aperfeiçoar a casa e oferecer mais condições às crianças. Nosso laboratório de informática, por exemplo, nos foi doado. Já tivemos, pelo menos, cerca de 1,3 mil crianças conosco.

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Mulher de poucas palavras e muitas atitudes, Nilza reconhece que, apesar dos 30 anos de estrada e de cada sorriso exibido toda vez que um ex-aluno a encontra, o dever está longe de cumprido. Ela orgulha-se em ver garotos e garotas, outrora alunos da Dr. Fernando do Ó, tornando-se acadêmicos ou inseridos no mercado de trabalho. Mesmo assim, ela entende que pode dar mais.

- Sinto-me muito grata por termos conquistado isso tudo. Ainda temos muito o que fazer e o o que aprender, mas continuo agradecida a Deus. Seguimos nosso trabalho conforme o que Ele ensinou. Nosso dever, aqui, é ajudar aqueles que ainda sabem um pouquinho menos que nós. Sinceramente, não tem nada melhor do que ajudar alguém, porque você se sente útil. Ainda assim, sou uma aprendiz e tenho muito o que aprender - resume o sentimento.

VOLUNTARIADO
Aulas e lições que são passadas com amor podem mudar vidas e ditar destinos. A psicóloga Cláudia Belmonte de Senna, 40 anos, é uma das voluntárias da instituição. Ela compartilha do pensamento de Nilza de que sempre é possível aprender mais e orgulha-se de poder trabalhar ao lado da colega e, mais importante, ter a oportunidade contribuir com a formação das crianças do Bairro São José:

- Existem coisas que aprendemos somente por meio da faculdade. De todo o modo, existem muitas coisas que aprendemos somente vivenciando o que o mundo nos reserva. E admiro muito a Nilza por isso.

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PARA AJUDAR
A Sociedade Espírita Luz do Caminho Dr. Fernando do Ó fica na Rua Dom Marcos Teixeira, 55, no Bairro São José. O projeto social funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h. A instituição aceita doações de materiais escolares, de higiene e roupas para o brechó solidário. Doações monetárias podem ser feitas por meio das contas do Banrisul (ag. 0353 e conta 060363530-8) e do Banco do Brasil (Agencia 1226-0 e conta 80146-1).

*Colaborou Lorenzo Seixas